Composição Eclipse Solar Chile 2019
Astrofotógrafo: Sergio Gonçalves Silva
Ciclo de Saros: 127
Número: 58
Magnitude do eclipse: 1,0459
Largura do caminho: 200,6 km
Duração no ponto máximo: 04m32,8s
Fonte: eclipse.gsfc.nasa.gov/SEplot/SEplot2001/SE2019Jul02T.GIF
Como descrever o indescritível?
Conhece a sensação de caminhar num belo jardim, de contemplar um pôr do sol, de admirar as ondas do mar ou as montanhas e ficar perplexo com tamanha beleza? Pois bem, esqueça tudo isso, pois em nada se assemelha à visão gloriosa e impactante de um círculo negro no céu rodeado por um magnífico e enigmático manto de luz quase sagrada, uma sensação de incredulidade e admiração, quase reverência a uma visão que tem tanto de bela quanto de bizarra. A sensação é mais próxima da sentida por um pai ao ver o nascimento do seu bebê, um acontecimento natural, conhecido, esperado e mesmo assim surpreendente e emotivo.
Os instantes que antecedem a totalidade são um prelúdio perfeito de que algo de especial está por acontecer, a temperatura desce, o vento muda, as sombras parecem perder a razão… Os animais se comportam como se de um fim de dia se tratasse e acima de tudo aqueles que, como eu, sabem o que está ocorrendo ficam submersos numa ansiedade e expectativa que aguçam ainda mais os sentidos. Acrescente dois anos de preparação, uma viagem de avião com muito material astronômico e total incerteza de regressar com sequer uma imagem digna desse nome e garanto que, tal como as minhas, suas pernas irão tremer e seus olhos encher-se-ão de lágrimas ao presenciar com a vista desarmada a imagem de um acontecimento cósmico único no nosso sistema solar e certamente raro em escala galáctica.
Embora nenhuma fotografia possa fazer justiça ao evento, esta é a minha tentativa de contar a história, descrever o evento e o local magnífico onde o observei, uma colina junto à cidade de Vicuña, no Chile. A totalidade ocorreu a uma elevação de 12 graus, fazendo com que o último contato fosse muito perto do horizonte, e a região montanhosa nos ofereceu uma visão invulgar da Lua saindo da frente do Sol enquanto este se punha por trás de uma montanha.
A imagem é uma composição de 37 capturas: 32 delas com filtro, separadas de 5 minutos entre si, e outras 5 sem qualquer filtro e tiradas de forma constante desde instantes antes da totalidade até instantes depois. Foram feitas muitas imagens de diferentes exposições para tentar garantir detalhes diversos da coroa e proeminências. A imagem central da totalidade é uma composição HDR (High Dynamic Range), produto da combinação de 5 imagens de exposições diferentes.
DADOS TÉCNICOS
Local / data de aquisição: Vicuña, Chile / 2 de julho de 2019
Tempo de exposição com filtro: 1/2500s, ISO 200
Tempo de exposição sem filtro: 1/1250s, ISO 200
Tempos de exposição HDR: 1/1250s + 1/300s + 1/20s + 1/10s + 1/5s, ISO 200
Equipamento
– Telescópio: William Optics ZenithStar 71 Doublet
– Filtro: Baader
– Razão focal: f/4.72
– Câmera: Canon EOS 50D
– Montagem: Celestron CG5-GT
Software
– Captura: APT (Astrophotography Tool)
– Processamento das imagens: Photoshop