NGC 247 e a Cadeia de Burbidge
Astrofotógrafo: Wellerson Lopes da Silva
Outros nomes do objeto: Galáxia Buraco da Agulha, ESO 540-22, LEDA 2758
Tipo: Galáxias espirais intermediária
Constelação: Baleia (Cetus)
Distância: 11.100.000 anos-luz
Magnitude: filtro V = 9,10 [8]
A constelação da Baleia, Cetus, não só abriga Mira, a primeira estrela variável descoberta em 1596 por David Fabricius [1], como também a galáxia NGC 247 e um famoso cluster de galáxias conhecido como Cadeia de Burbidge.
A galáxia NGC 247 possui o nome popular de galáxia Buraco da Agulha. Este nome foi dado em função do formato da galáxia e de uma área mais escura localizada em um de seus lados, forma que lembra a cabeça de uma agulha. NGC 247 é uma galáxia espiral intermediária que se encontra distante de nós a 11,1 milhões de anos-luz [2], é membro do Grupo de Galáxias do Escultor e possui um diâmetro de 70.000 anos-luz. Ela possui uma região vazia muito incomum em galáxias. Estudos apontam que este “vazio” contém estrelas velhas, vermelhas, mais apagadas e uma ausência de estrelas jovens azuis comuns nos braços galáticos [3]. Embora os astrônomos ainda não tenham certeza de como esse vazio se formou, estudos recentes sugerem que pode ter sido causado pelas interações gravitacionais com partes de outra galáxia [4].
A Cadeia de Burbidge, um cluster com cinco galáxias quase alinhadas, localizado acima e à direita de NGC 247 está distante de nós a cerca de 300 milhões de anos-luz[5]. Este grupo de galáxias foi descoberto em 1963 por Geoffrey Burbidge, Margaret Burbidge e Fred Hoyle e o nome foi dado em homenagem ao casal Burbidge[6]. Este trio juntamente com William Fowler publicaram em 1957 o famoso artigo de astrofísica “Synthesis of elements in stars” creditado como a origem da teoria da nucleossíntese estelar [7]. Este grupo de galáxias recebem, da direita para a esquerda na imagem, os nomes de NGC247A, NGC247B, NGC247C, NGC247D e NGC247E e possuem respectivamente magnitudes aparentes de 16.91, 13.70, 17.00, 15.01 e 13.82, segundo catálogo LEDA. Na imagem é possível visualizar no limiar entre ruído e sinal a interação gravitacional de maré entre as galáxias NGC247B e NGC247C.
Fontes:
[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Mira
[2] https://en.wikipedia.org/wiki/NGC_247
[3] The Void in the Sculptor Group Spiral Galaxy NGC 247, Wagner-Kaiser, R.; Demaio, T.; Sarajedini, A.; Chakrabarti, S. (2014).
[4] https://spacetoday.com.br/o-coracao-da-galaxia-ngc-247/
[5] https://apod.nasa.gov/apod/ap180330.html
[6] Is the Chain of Galaxies near NGC 247 Anomalous?, Balkowski, C. & Chamaraux, P. – Astronomy and Astrophysics, Vol. 43, p. 297 (1975)
[7] https://en.wikipedia.org/wiki/B2FH_paper
[8] http://simbad.u-strasbg.fr/
Dados técnicos
Local e data da aquisição: Padre Bernardo – Goiás em 03 e 04 de agosto de 2019 e Pousada Campos Místicos – Munhoz – Minas Gerais em 31 de agosto de 2019.
Escala de Bortle: 3 e 4, respectivamente
Tempo de exposição: 8h30m
– Luminância: 36 x 300s / Bin 1×1
– H-Alpha: 20 x 300s / Bin 1×1
– Vermelho: 16 x 240s / Bin 1×1
– Verde: 16 x 240s / Bin 1×1
– Azul: 25 x 240s / Bin 1×1
Temperatura da câmera: -15°C
Escala de placa: 0,651 arcsec/pixel
Ganho: 139
Aplicados darks, flats e dark flats frames.
Equipamento
– Montagem Equatorial Orion Atlas EQ-G
– Telescópio GSO Ritchey-Chretien 8″ F8 Fibra de Carbono
– Câmera ZWO ASI1600MM Cooled
– Redutor focal Astro-Physics 67 CCDT
– Auto guiagem com câmera ZWO ASI120MM em OAG
– Roda de Filtros ZWO 8 posições
– Filtros Optolong 1,25″ Luminance, H-Alpha 7nm, Red, Green, Blue
Softwares
– Captura: APT – Astro Photography Tool 3.50
– Processamento: PixInsight 1.8 e Adobe Photoshop CS5
– Guiagem: PHD2
– Controle: EQMOD e SkyTechX