Nebulosa do Cachimbo
Astrofotógrafo: Wellerson Lopes
Tipo: Nebulosa escura
Constelação: Ofiúco
Distância: 450 anos-luz
Você já olhou para o céu estrelado em locais distantes dos centros urbanos? Se teve esta oportunidade provavelmente notou “veios” negros na região central da Via Láctea, regiões com aparente ausência de estrelas. Será mesmo que há estrelas nestas regiões? A resposta é sim. Estas zonas escuras são nuvens densas compostas de poeira interestelar. Tão densas que se tornam opacas, não permitindo que a luz visível das estrelas que estão atrás da nuvem alcancem nossos olhos. Ainda não é completamente claro como é que estas nuvens se formam, mas pensa-se que sejam as fases muito iniciais da formação estelar[1].
O objeto registrado aqui é conhecido como Nebulosa do Cachimbo – nome dado devido ao seu formato característico. Ela faz parte de uma nebulosa escura maior conhecida como Nebulosa do Cavalo Negro, que também é vista nesta imagem. A Nebulosa do Cachimbo é similar à Nebulosa Saco de Carvão, na constelação do Cruzeiro do Sul. Está localizada a cerca de 450 anos-luz de distância.
Estudos comprovam que esta nebulosa é uma das mais próximas regiões com formação estelar e possui uma forte ligação com o complexo de nebulosas escuras do Ofiúco [2]. Na extremidade da haste do Cachimbo encontra-se a nebulosa B59. Estudos demonstram que B59 apresenta formações de inúmeros filamentos que são componentes-chave para o início da formação de estrelas. A formação destes filamentos está diretamente relacionada com os fortes ventos estelares provenientes da associação Sco OB2 na constelação do Escorpião (próximo à estrela Antares) que estão comprimindo a densa nuvem de poeira [3]. A associação Sco OB2 está localizada a oeste da Nebulosa do Cachimbo. Nesta imagem o Oeste é o topo e o Norte é a parte esquerda. Se observamos uma imagem mais ampla desta região, como no link <https://www.flickr.com/photos/astrocamera/29002272331>, podemos notar as nuvens escuras de Rho Ophiucus se conectando com as nuvens do Cachimbo, imagem que corrobora o estudo sobre a ação dos ventos de Sco OB2 [3].
Fontes
[1] <https://www.eso.org/public/images/potw1518a/?lang>.
[2] <https://apod.nasa.gov/apod/ap121123.html>.
[3] <https://arxiv.org/pdf/1203.3403.pdf>. The Pipe Nebula as Seen with Herschel: Formation of Filamentary Structures by Large-Scale Compression? N. Peretto et al., October 13, 2018.
DADOS TÉCNICOS
Local / data da aquisição: Comunidade rural Riacho do Mato, São Romão, Minas Gerais, Brasil / 14 de julho de 2018
Escala de Bortle: Entre 1 e 2
Tempos de exposição: 45m (15 x 180s)
Temperatura da câmera: 22°C
Escala de placa: 11,41 arcsec/pixel
Ganho: ISO 800
Aplicados darks e bias frames
Equipamento
– Montagem equatorial SmartEQ Pro+ da iOptron
– Câmera Canon DSLR T1i 500D modificada com filtro Astrodon
– Lente Canon EF 85mm f/1.8 USM fechada em f/3.2
– Autoguiagem com câmera Orion StarShoot e telescópio de guiagem 50mm Orion
Software
– Captura: APT – Astro Photography Tool 3.50
– Guiagem: PHD2
– Controle: iOptron Commander e SkyTechX
– Processamento: PixInsight 1.8, Adobe Lightroom CC e Adobe Photoshop CS5