Close-up: Nebulosa Rho Ophiuchi
Astrofotógrafo: Wellerson Lopes da Silva
Tipo: Nebulosa escura, nebulosa de emissão, nebulosa de reflexão
Constelação: Ofiúco e Escorpião
Distância: 424 anos-luz
Sem dúvida alguma, na minha opinião, esta é uma das regiões mais belas da nossa vizinhança celeste pois agrega aglomerados globulares, aglomerados abertos, nebulosas de reflexão e emissão, sistema estelares múltiplos e estrelas de várias classes espectrais. Esta grande nuvem multicores é conhecida como Complexo Nebular Rho Ophiuchi, ou simplesmente, Nebulosa Rho Ophiuchi. Para que se tenha noção do tamanho desta área no céu, tome como referência o tamanho do nosso satélite natural, a Lua, na fase cheia. O tamanho angular médio da Lua cheia é de 0,5°. Se colocássemos várias luas na linha diagonal desta imagem, seriam necessárias 21 luas para cruzar toda a imagem. Infelizmente nossos olhos não conseguem captar todo este esplendor pois são objetos muito tênues.
Esta nebulosa está localizada entre a constelação Ofiúco (Serpentário) e Escorpião. É de fácil localização durante as noites de inverno. Basta encontrar a belíssima estrela Antares, facilmente visível a olho nu. Aliás, nesta imagem, a estrela dourada mais brilhante é justamente Antares, a estrela Alfa de Escorpião.
Toda a coloração amarelada na nebulosa é decorrente da reflexão da radiação de Antares, uma estrela supergigante da classe espectral M. O nome da nebulosa foi dado em função da estrela mais brilhante localizada no centro da nebulosa de reflexão azul, a estrela Rho Ophiuchi. A estrela Rho Ophiuchi faz parte de um sistema quádruplo[1]. Nesta imagem conseguimos separar apenas três componentes deste sistema. A quarta estrela está muito próxima de Rho Ophiuchi. São estrelas extremamente quentes de classes espectrais A e B.
A nebulosa Rho Ophiuchi tem sido alvo de muitas pesquisas, porque é uma das regiões mais próximas do sistema solar com intensa formação estelar[2]. Usando a técnica de paralaxe, a distância sugerida da nebulosa é de aproximadamente 130 parsecs (424 anos-luz)[1].
Uma das regiões mais estudadas na nebulosa é a nuvem escura L1688. Ela está localizada na imagem próximo ao centro. Essa região apresenta muitas estrelas em seu estágio inicial de evolução; protoestrelas e estrelas pré sequência principal (em inglês, YSO)[3]. Um estudo catalogou cerca de 300 objetos YSO [1].
Mas o que teria dado início a essa intensa formação estelar? Acreditava-se que o processo iniciou-se com o choque de uma concha de gás em expansão proveniente da região de Antares, desencadeada por uma supernova e que Zeta Ophiuchi era a binária companheira desta supernova. Mas estudos espectroscópicos demonstram que tanto o processo de formação de estrelas em L1688 como das estrelas no entorno de Antares foram ocasionados por uma concha em expansão advinda da região entre o Lobo (Lupus) e Centauro (Centaurus) [1].
Fontes
[1] Star Formation in the ρ Ophiuchi Molecular Cloud, 2008 – Bruce Wilking, Marc Gagne, Lori Allen – https://arxiv.org/pdf/0811.0005.pdf
[2] Proper motions of molecular hydrogen outflows in the ρ Ophiuchi molecular cloud, 2013 – M. Zhang et al – https://arxiv.org/pdf/1304.0195.pdf
[3] Young Stellar Object – https://en.wikipedia.org/wiki/Young_stellar_object
Dados técnicos
Local e data da aquisição: Comunidade rural Riacho do Mato – São Romão – Minas Gerais – Brasil, 14 de Julho de 2018
Campo Belo – Minas Gerais – Brasil, 20 de abril de 2019
Escala de Bortle:
São Romão – Bortle Entre 1 e 2
Campo Belo – Bortle 4
Tempos de exposição:
2h40m (32 x 300s) – DSLR
2h08m (64 x 120s) – ASI1600MM-C – H-Alpha 7nm
Temperatura da câmera: DSLR 28°C / ASI1600 -15°C
Escala de placa: 6,474 arcsec/pixel
Ganho: ISO 800 – DSLR / 139 – ASI1600
Aplicados darks, flats e bias frames.
Equipamento
– Montagem equatorial SmartEQ Pro+ da iOptron
– Câmera Canon DSLR T1i 500D modificada com filtro Astrodon (1ª sessão)
– Câmera ZWO ASI1600MM Cooled com filtro Optolong HII 7nm (2ª sessão)
– Lente Sigma 150mm f/2.8 EX DG APO HSM Macro fechada em F4 (1ª sessão)
– Lente Canon 70/200mm L f/4 em 130mm fechada em F5.6 (2ª sessão)
– Auto guiagem com câmera Orion StarShoot e telescópio de guiagem 50mm Orion (1ª sessão)
– Sem guiagem na 2ª sessão
Software
– Captura: APT – Astro Photography Tool 3.50
– Guiagem: PHD2
– Controle: iOptron Commander e SkyTechX
– Processamento: PixInsight 1.8, Adobe Lightroom CC e Adobe Photoshop CS5